Abril

Então não é que o nosso querido e satisfatório parlamento decidiu ignorar os cidadãos contribuintes líquidos para o galopante défice e que, com isso, fez-nos duvidar da sua credibilidade?

Situação tão rara! Nunca pensei ver tal acontecimento na minha pacata vida.

Recapitulemos então a trama. 230 deputados, mais de metade necessária para uma votação e encontram-se apenas 112 honrados senhores nas confortáveis cadeiras da assembleia (já me sentei numa delas e confirmo-o). Resultado: debate nacional, notícia de abertura nos serviços noticiosos, revolta popular e toda a população portuguesa a saber o significado da palavra quorum. Mais um serviço educativo que só o nosso parlamente podia realizar.

Não contentes, os deputados fazem uma nova investida e resolvem abrir um debate sobre o voto electrónico, aquela coisa que lhes permitem votar nas magnânimas decisões do nosso burgo. Resultado: 2 horas perdidas a discutir como seria o processo para os cartões que não funcionaram e o povo a aplaudir uma vez mais o nosso processo político! Viva o 25 de Abril!

Finalmente, já fora da esfera parlamentar: uma reunião. Vereadores. Presidente da Camâra Municipal de Lisboa. Discussão da situação de 1500 empregos. Manuel Maria Carrilho falta à reunião. Adiamento da mesma. O Drama. O Horror. O desespero desses trabalhadores que não veem a sua situação resolvida devido ao facto de Carrilho estar mais preocupado consigo do que com os outros. Adiou-se então o forum, palavra já muito amiga do português da margem sul com condição económica privilegiada e que não precisa de ir às feiras dos ciganos pois o Audi veio ontem da Alemanha. A Cofidis agradece.

E assim estamos entregues a esta maravilhosa classe política, a estes media fabulosos mais preocupados com a emoção do que com a integridade humana e a esta gente rica mas endividada até ao pescoço. É pois, neste espírito de liberdade e de comemoração de Abril que me sinto.

PS: Jorge Palma actua dia 24 de Abril no Barreiro. Weee!